quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O Começo

O Começo.

Uma noite sem lua. Nuvens baixas carregadas de água ocultam o brilho das estrelas. O vento gelado transporta um uivar de um lobo solitário. Um som que provoca arrepios nos mais valentes.
A chuva começa a cair. A paisagem fica carregada com o som das gotas a bateram nas folhas das árvores. O uivo do lobo ouve-se mais perto. Ele persegue uma pressa que não conhece mas sente o cheio. Um cheio que ele acha capaz de mata a sua fome infernal. Ele corre sentindo que está perto de alcançar o seu objectivo.
Uma abertura na floresta. Uma figura solitária de estrutura media, mas de poder incalculável. Muito semelhante ao lobo. Uma figura que também persegue os seus objectivos, mas não movido pela fome. As motivações que alimentam o seu espírito e o levam a lutar são mais obscuros. A busca do poder.
O lobo aparenta sentir que algo está errado. Aproxima-se de forma cautelosa. A figura está de costas para ele. Não parece reparar na presença do predador. O lobo aproxima-se mais. Mais. Mais ainda. Quando considera que está suficientemente próximo lança o ataque na tentativa de derrubar a sua pressa. Mas no último instante a figura roda de modo a que o predador passe ao lado.
Os dois predadores ficam frente a frente. O lobo com o seu olhar faminto. A figura com os olhos enterrados nas orbitas, a pele da cara esticada e pálida a brilhar na escuridão. Uma cara que mais parece uma caveira. Os lábios puxados para trás num sorriso malvado, revelando dentes afiados ainda com o sangue da sua vitima anterior. O lobo lança-se novamente na direcção da figura. Obviamente que esta está preparada e eleva um braço poderoso e agarra o lobo pela garganta, com a outra mão puxa de um punhal e enterra-o no peito da criatura que morre de forma dolorosa. A figura retira o punhal da abertura que acaba de criar e vê o sangue quente da sua vitima a escorrer para o pelo. De seguida puxa a fonte de sangue na direcção da sua boca e ingere até ficar satisfeito. Deixando cair a sua vitima para o chão e continuando no seu percurso como se nada se passa. Nada o ira demover da sua busca. Não agora que ele esta tão perto de encontrar as próprias portas do inferno.
Encontra uma formação de rochas. Algo parecido com um portão. Fechado durante milénios. Runas antigas escritas em sangue. Um aviso dos terrores que se encontram lá fechados dentro. Um aviso para os menos preparados. Um aviso para quem não tem noção do mal que irá libertar. Um aviso.
Centenas de vidas de homens em busca deste lugar finalmente deram fruto. O demónio em figura de pessoa prepara-se para o momento alto da sua vida, se é que vida pode ser dado como nome para aquilo que foi uma existência diabólica. Uma existência cheia de sangue, morte e vitimas torturadas. O demónio aproxima-se do portão. Dois pilares gigantescos elevam-se de cada lado. Imagines infernais gravadas nas rochas representam cenas de dor e sofrimento. Sangue e tortura. Figuras de demónios, bestas, e outras criaturas das trevas a ingerirem humanos. Guerra entre criaturas de dois mundos distintos. Uma figura destacada das outras. Poderosa. Espada na mão, levantada num gesto de desfio.
O portão construído com dupla intenção. Impedir aquilo que está lá dentro de sair. Impedir quem está cá fora de entrar.
Um trabalho elaborado em conjunto. Concebido pelas duas entidades mais poderosas do mundo. Num acordo em que poucos acreditam. O portão foi criado e selado num esforço conjunto entre Deus e Satanás. Uma aliança pouco provável mas muito necessária. Fechado lá dentro está o filho rebelde de Satanás. O filho que não entendia que era necessário existir um equilíbrio entre o bem e o mal. Um equilíbrio sem o qual nem um nem outro podiam existir. O filho que sempre desafiou o poder do pai. Um filho que espalhou o caos pelo mundo fora.
Um portão preste a ser aberto. Com que intenção? Libertar o que lá está dentro? Ou roubar o poder que ele detém?
O demónio examina o portão. Não aparenta sofrer do desgaste natural que o passar dos anos provoca em tudo que existe. Ele passa a sua mão pela rocha gelada. Subitamente aparecem runas que se encontravam ocultas. Indicações e revelações.
“Por de trás deste portão está fechada a verdadeira causa do sofrimento no mundo. Fechado aqui por Deus e pelo próprio pai, Satanás. O portão só poderá ser aberto por dois. Ambos capazes de destruir aquilo que habita no seu interior. Um o fará para o bem, outro para o mal. Que o destino escolha qual irá cá chegar primeiro.”
O demónio encosta a sua mão esquelética ao portão. Este aparenta sentir que ele é um dos destinados e cede sobre o seu toque. Ele entra sem hesitação, tochas na parede rompem em chamas. Ouve-se uma voz que proclama. “Quem tem a coragem para penetrar nos domínios do filho de Satanás?”
O demónio responde “ Filho do mal, venho para retirar aquilo que é teu para o meu benefício. Eu sou o eterno renegado, rejeitado pelo teu Pai, enviado para o mundo como castigo, eu sou o pesadelo dos homens, a besta que tudo devora, eu sou Atlon, o antigo guardião da espada que se encontra enterrada nesta cripta a par contigo, aquela que tu roubas-te e que levo ao meu exílio. Agora irás morrer com o sabor da sua lâmina na tua garganta.”
“Então o mundo está perdido e assim será o destino!”
Com esta resposta o demónio avança para o fundo da caverna onde encontra o túmulo onde está encerrado o filho de Satanás. Utilizando a sua força sobre-humana, empurra a pedra para o lado revelando a espada do caos e o seu último portador.
Pega na espada e enterra-a no peito do demónio semelhante a ele. Puxa a espada em direcção a cabeça da criatura que dorme e rasga o crânio dele com a sua lâmina flamejante.
Assim acaba o poder daquele que foi o terror do mundo com um grito com a capacidade de esfolar um ser humano.
Assim começa o destino daquele que ainda tenta marcar o mundo com a sua nova força.

A Musa

A Musa

Um olhar sedutor, uns olhos azuis que brilham como diamantes. Profundos, vivos, cheios de expressão. Janelas para a alma. Uma alma grandiosa, bondosa. Uns olhos onde é possível mergulhar nessas profundezas sem fim, nessas lagoas de vida e perder noção do tempo que passa.
Um sorriso cativante, lindo. Com um efeito relaxante, o poder de afastar as preocupações do mundo exterior. Uns lábios apetitosos, naturalmente encarnados, eternamente suspensos num sorriso despreocupado. Encantador.
Cabelo preto. Escuro como os abismos mais ocultos. Cabelo que cobre parcialmente o rosto. Um rosto cheio de beleza. Uma beleza natural, cintilante.
Um jeito de ser maravilhoso. Uma filosofia de vida espantosa. Uma musa que inspira com a sua forma de viver a vida. Uma paixão sem igual. Prende sem intenção. Mas é um cativeiro que se aceita de bom gosto.
Um riso que tranquiliza. Uma amiga que anima nos momentos baixos. Uma jóia de pessoa com uma beleza inconfundível. Uma pedra preciosa de valor incalculável, uma luz que ilumina e aquece a vida. Elimina a escuridão.
Uma amizade para guardar para sempre, porque ao mesmo tempo deixam protegido.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Espada Quebrada

AVISO: Eu não estou a criticar ninguém com este texto. Foi apenas uma inspiração. Na realidade eu tenho muita sorte com os amigos que tenho, porque sei que posso contar com eles. E aproveito para agradecer o apoio que tenho recebido. Obrigado!

Espada quebrada.

O silêncio nocturno aumenta a sensibilidade de todos os outros sentidos. A escuridão da noite deixa-me cego para tudo o resto, permitindo que seja apenas possível ver aquilo que está dentro de mim. Solitário no meio que me rodeia. Perdido e sem rumo. Passo sem ser visto pelas criaturas da noite. Com um sussurrar silencioso confesso ao vento os desejos perdidos da minha alma, escutando uma resposta atormentadora.
Vagueando no meia da minha floresta oculta tento encontrar os horrores que provocam o medo que arrasa com o meu espírito. Lutando com os demónios da minha alma, tentando expulsar essas criaturas sem nome para um abismo sem fundo. Isto sou eu. Um guerreiro sem forças, um cruzado sem religião. Eu não sou ninguém. Sozinho no meio de gente. Incompreendido por quem me rodeia. Marginal num mundo sem margens. Onde estão aqueles que sempre prometeram estar lá por mim? Eram tantos nos bons momentos, nos maus dão para contar por uma mão. A desilusão de quem oferece apoio quando precisam dele mas que em troca recebe uma floresta de costas voltadas. Vazio e sem vontade. Sofrer por gosto? Achas que sim? Sofrer porque o coração não aprende a viver.
Isto sou eu. Não sou ninguém quando os maus momentos batem a minha porta. Um sem abrigo desprotegido, sem coração para me guiar. Sem luz ao fundo do túnel. Sem nada. Apenas me restam as promessas feitas em épocas de abundância, com um sabor amargo na garganta e o sal nos meus lábios das lágrimas que vão caindo.
Abandonado, frio e com fome de afecto, estou só! Que resta do tempo em que era feliz? Apenas vagas recordações de um tempo passado, perdido na bruma da memoria, vivendo num mundo de ilusão, acreditando sempre que melhores dias viram! E então onde andam eles? Em lado nenhum.
Qual cavaleiro de espada quebrada, vou vagueando, acreditando num futuro cheio de promessas acatadas. Espada partida, espírito desfeito, alma rasgada, coração perdido. Isto sou eu. Um eterno lutador sem objectivos.
Uma experiência para recordar. Uma ferida para curar. Uma cicatriz para lembrar. Uma marca interna que já mais vai desaparecer. Desta forma o coração aprende. Aprender à base do castigo. Mas aprende.
Agradeceu aos amigos que não deixam o meu lado. Esses sabem quem são, não necessitam de ser nomeados. Os outros. Aos outros deixo um recado. Se alguma vez precisaram do meu apoio podem contar com ele porque perdoar é uma virtude ao alcance de todos. E é uma virtude que quando posta em pratica me faz sentir bem.

Inspiração

Inspiração.

Inspiração. Onde andas tu? Inspiração. De onde vens? Inspiração. Para onde foste?
Inspiração divina. Inspiração natural. Inspiração material. Inspiração instantânea. Recordações inspiradoras. Todos necessitam de inspiração, não apenas os escritores. É necessário uma inspiração ate para viver.
A inspiração é a fonte de tudo que criamos. Então porque me foge a inspiração?
O grande mestre Luís Camões tinha as suas musas inspiradoras. Isto foi o pormenor que mais me marcou da obra dele. Quem eram estas musas? Porque não me ajudam elas a ter uma inspiração semelhante? Talvez essas musas deixaram de existir a partir do momento em que ele soltou o ultimo sopro que permanecia nos seus pulmões. Será? Aparenta que cada um tem que ter uma fonte de inspiração diferente. Então porque motivo estou com a impressão que perdi a minha?
A dor que habitava o meu ser tem vindo a diminuir. Isso em termos psicológicos ate é bom. Mas no que toca aquilo que faço significa menos uma fonte de inspiração. Todos os grandes escritores aparentam ter isso em comum. A dor serve de inspiração para escrever.
O amor. O amor também é uma bela inspiração. A ideologia do amor perfeito dá muito que falar. Sendo eu um eterno apaixonado tenho uma musa que me inspira. Será que chega? Claro que não. É necessário sofrer uma grande paixão para tirar partido dela no que diz respeito a escritura? Talvez. Sofrer é viver. Sofrer por amor inspira a viver esse sentimento de forma mais intensa. Isso é uma vantagem de ser um eterno apaixonado. Sou facilmente levado pelos sentimentos que devastam o meu mundo, como um dente de leão ao vento.
Inspiração natural. O mar. As florestas. As montanhas. Os vales. O mar todo-poderoso e incansável que nunca desiste de fazer o seu percurso. As florestas escuras que escondem os terrores que nos atormentam como sombras das nossas almas. As florestas iluminadas que nos desorientam com a sua vastidão tal como a vastidão que é a difícil tarefa de viver. As arvores com os seus segredos ocultos que sussurram com o vento, cantando poemas de louvara para as estrelas que brilham no céu dando homenagem a sua beleza eterna. As majestosas montanhas, quais sentinelas imortais, que lançam o seu olhar conhecedor sobre o mundo que as rodeia. Com o seu sopro silencioso inspiram e transmitam a sua força grandiosa.
Inspiração divina. O céu com os seus diamantes de brilho imortal, enchendo a escuridão com luz. Os anjos que cuidem desses diamantes enquanto brincam no infinito. A própria eternidade. Tudo isto serve para inspirar.
Inspiração. Fonte eterna, majestosa, grandiosa, oculta. Procura-te é um desfio, encontra-te uma bênção, descrever a tua essência… Impossível. Inspiração.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Saudade

Saudade.
Saudade. Uma palavra que muito significa. Uma palavra aparentemente simples mas que ao mesmo tempo é extremamente complexa. Saudade. Uma palavra só mas com muitas aplicações. Uma palavra que muitos entendem mas que poucos tem a capacidade de descrever.
O que é a saudade? A saudade tem a capacidade de dar foca mas em contrapartida também a tira.
A saudade pode ser como umas garras afiadas que nos aperta o coração tirando toda a vitalidade que nos corre pelo corpo, gelando a nossa alma, provocando efeitos devastadores no nosso espírito, arrastando-o para o abismo.
A saudade percorre o nosso corpo cobrindo cada centímetro com uma incrível sensação de frio. Deixando uma pessoa paralisada com dores e vazia por dentro.
A saudade rodeia o nosso mundo com vento e tempestades poderosas, ocultando toda a luz que a outra hora iluminava o nosso caminho.
A saudade deixa-nos cegos para todo o resto. Tudo que esta a nossa volta desaparece deixando apenas uma sombra daquilo que era, como um reflexo visto através de um espelho quebrado e cheio de pó.
Em contrapartida a saudade dá forças. A saudade alimenta. A saudade tem o poder de mover mundos e arrasar montanhas. Tudo é possível quando o objectivo é matar saudades. Uma vítima da saudade é capaz de muita coisa para eliminar esse sentimento da sua vida e da alma.
A saudade. A saudade, no entanto, não deixa de ser o eterno sofrimento que atormenta quem tem coração e gosta de quem o rodeia.
Isto é uma vaga descrição de saudade elaborada por alguém que sofre com o afastamento, por um motivo ou outro, das pessoas que fazem parte da sua vida.
Quando digo que tenho saudades tuas, então o meu mundo está de avesso e é por isto que eu estou a passar.
Tenho saudades.

Anjo da Dor

Anjo da dor.

Anjo que protege. Anjo que sofre. Anjo que está sempre presente e que afasta as dores da vida. Um anjo que te envolve nas suas asas brancas e que te mantêm quente e seca por mais tempestades que estejam a perturbar o teu mundo. Um anjo da dor.
Anjo que se preocupa. Anjo que se sacrifica para que tu estejas a salvo. Um anjo que abre o peito e te deixa entrar no seu coração onde estarás sempre em segurança. Um anjo protector.
Anjo que te possa elevar a alma grandiosa e o coração bondoso para junto das outras estrelas do céu onde podem permanecer a iluminar o mundo. Um anjo que te guia para te ajudar a ser feliz nesta vida complicada. Um anjo sonhador.
Anjo que esta do teu lado nos bons e maus momentos transmitindo a sua força para garantir o teu sucesso em tudo que pretendes realizar nesta vida. Um anjo da guarda.
Tudo isto desejo-te. Um anjo que possa fazer por ti aquilo que gostava de fazer pessoalmente mas que o meu corpo mortal, aliado as situações que vivemos, não permitem que seja possível.
Que este anjo que acabo de criar esteja sempre do teu lado fazendo por ti aquilo que só a minha alma pode sonhar.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Quem sou eu?

Aviso: este texto não é aconselhável a pessoas que não estejam interessadas em saber quem são.

Quem sou eu?
Quem sou eu? Uma pergunta difícil que merece, no mínimo, uma resposta complicada. Quem sou eu? Eu sou único. Todos nós o somos, pelo menos nas nossas opiniões. Todos nós somos diferentes, no entanto, todos somos iguais. Ser único esta restrito a um pequeno grupo de pessoas. Essas pessoas são únicas por aquilo que conseguem realizar na vida.
A vida. A vida não devia ser medida em dias, semanas, meses, nem sequer em anos mas sim pelos feitos que nós realizamos no tempo que temos disponível para habitar este mundo. Ninguém se vai lembrar mais de nós apenas porque vivemos até aos 80 anos mas sim por aquilo que fizemos enquanto cá tivemos. Isso sim é o mais próximo da verdadeira imortalidade que alguma vez vamos chegar.
A nossa singularidade é comparável as ondas do mar. Cada onda vista como um individual é diferente das outras. Desde da sua formação, até ao percurso realizado, onde chega a zona de rebentamento, cada onda é diferente da outra. Mas quando visto no conjunto é tudo mar. Diferentes entre elas mas iguais nas suas curtas vidas e nos seus percursos. E assim é a vida das pessoas. Nascem, vivem, e morrem. Para cair no esquecimento das gerações seguintes. Únicos são aqueles que marcam as suas diferenças e não deixam que as suas memórias sejam esquecidas.
Fernando Pessoa com a sua mistura de simplicidade e complexidade acabou por marcar a sua diferença. Na realidade, quando era estudante, não gostava muito da matéria mas confesso que admiro o homem porque ele era único. E era por esse motivo que tínhamos que estudar ao pormenor a sua vida e a sua obra em vez de estudar a vida e obra do Zé Miguel, o mecânico da zona. Fernando Pessoa fico imortal com a sua singularidade e isso é de louvar.
Isso leva-me de volta a minha questão inicial. Quem sou eu? Eu sou uma pessoa que tenta deixar a sua marca mas que de certa forma ainda não foi capaz. Quem sou eu? Eu sou o eterno apaixonado, um jovem sonhador, um lutador feroz no que toca aos objectivos da vida. Sou uma pessoa complexa, cheia de confiança mas ao mesmo muito inseguro. Tenho sonhos a realizar e tento aproveitar cada dia para o fazer. Mas confesso que na realidade nem sempre o consigo.
E tu? Quem és?

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Imagina

Imagina
Imagina um por do sol sobre o mar num final de dia de Outono. Um por do sol que enche o céu sobre o oceano de tons de vermelhos como se a própria mão de Deus estives a decorar o horizonte com aguarelas maravilhosas, iluminado as nuvens com esse espectáculo de cores. Imagina.
Imagina que olhando para o lado oposto do céu encontras um azul celestial que luta com os vermelhos outonais tentando arranjar espaço para a lua no céu nocturno que agora toma o lugar do velho sol. Com a lua de caçador a subir para os céus as estrelas aparentam perder alguma da sua força e brilho. Imagina.
Imagina que as poucas nuvens que pouco tempo antes vagueavam no distante horizonte agora estão estacionadas sobre nos e que começam a libertar milhares de pequenas gotas de chuva como lágrimas dos anjos. Essas gotas chegam a superfície terrestre com tanta ternura que parecem milhares de beijos que o céu dá a terra em forma de homenagem por todo o sacrifício que o planeta faz para manter os seus habitantes seguros. Esses beijos estão tão carregados de sentimentos que os anjos deixaram escapar que o seu toque sobre qualquer ser vivo deixa uma marca profunda e purificadora que liberta a alma de todas as feridas acumuladas com o tempo. Imagina.
Imagina que depois dessa chuva purificadora as nuvens separaram-se para dar lugar novamente as estrelas que depois de tudo estão com nova força e um brilho muito mais intenso iluminado todo o céu nocturno com a sua beleza como o brilho de diamantes no fundo de um lago perdido. Imagina. Imagina.
Imagina isto tudo, que eu agora pergunto se sabes porque motivo os anjos choram. Sabes?
Os anjos choram porque esta noite descobriam que a sua anjinha mais preciosa desceu a terra e que foi encontrada por mim. E choram porque sabem que eu não vou desistir dela sem primeiro lutar com toda a força que me corre nas veias e na alma porque aquela anjinha se transformou numa pessoa muito importante para mim, sem a qual as coisas deixam de fazer sentido. E isso para eles é uma perda terrível, e por isso eles choram.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Fim Da Dor

Aviso: Como todos os outros textos, isto tem como objectivo o levantamento de sentimentos por parte de quem os lê. Eu não pretendo que os textos sejam vistos como sendo um diário pessoal, nem nada que se pareça, mas sim como pequenas histórias com as quais o leitor se pode identificar, sendo que compreendem os sentimentos presentes no texto e de certa forma encontram uma relação com o que está escrito.
Fim da Dor.
Fim de uma dor não significa estar completamente livre delas. Aquela menina de quem eu tanto gosto, por quem eu suspiro com cada folgo do meu ser, por quem eu deito lágrimas ate ficar seco, por quem eu luto com cada passo que eu dou, afinal não esta chateada comigo.
Ela já me explicou como o destino é cruel, coisa que eu já sabia. Sabia mas não tinha noção do que significava. Só depois de encontrar aquela menina de quem eu gosto tanto, lá no passado recente, onde para mim tudo continua ligeiramente desfocado como se nessa altura eu anda-se a viver no mundo dos sonhos, onde as sensações do real se misturavam com os prazeres do sono, deixando a impressão que naquele momento nada mais me podia atingir, e que finalmente tinha encontrado aquilo pelo qual procurei a minha vida toda, e que me levou a pensar que a felicidade do momento seria eterna. Sim, foi nessa altura que eu primeiro descobri que o destino pode ser cruel. Pois que outra palavra pode ser utilizada para descrever aquilo que, tão manhosamente, me deixou encontrar aquela menina que tanto significa para mim, e em seguida me mostrar que afinal eu não a posso ter? Cruel!
O destino é destas coisas, primeiro mostra o paraíso, só depois explica que não existe caminho para lá chegar.
Por isso digo, eu sabia que o destino era cruel, mas só recentemente tive noção disso. E essa noção atingiu o meu coração de forma certeira com o afastamento daquela menina que eu tanto prezo, nessa altura julgava que o meu mundo tal como o conhecia tinha chegado ao fim, mas afinal não, a esperança é a ultima a morrer, e prova disso está a amizade que existe e resiste ao mal que nos atravessa no caminho.
Agora devem estar a pensar, mas qual foi o motivo que tanta dor provocou? Bem, na realidade, isso é das poucas coisas que eu não vou contar, fica entre mim e aquela menina a quem eu vou guardar.

domingo, 28 de outubro de 2007

Escuridão

AVISO: este texto é isso mesmo, um texto. Este blog não é um diário meu onde eu vou falar da minha vida em particular, mas sim um local onde eu vou deixando pequenos textos elaborados por mim. É obvio que, apesar de não ser directamente sobre a minha vida, esta tem muito influência sobre aquilo que escrevo.


ESCURIDÃO
A escuridão da noite. A lua brilha de forma suave, parcialmente oculta por uma cortina de fumo que são as nuvens pouco densas que habitam o céu, como os fantasmas que habitam os meus pesadelos e que atormentam o meu sono, sendo esse o modo de funcionamento das nuvens ao impedir as estrelas de mostram a cara nesta noite frio que me engloba. E é nesta escuridão que a pouca luz da lua ilumina a fraca neblina rasteira, que cobre a superfície da terra, tocando nela de uma forma suave e carinhosa, envolvendo os pinheiros a minha volta num abraço tenro, mas gelado, como se da própria Morte se trata.
No meio desta neblina fraca, rodeado de escuridão estou eu, sentindo os dedos gelados do Vento Norte a lutar com o meu casaco, tentando encher o meu coração com o mesmo frio com que ele enche as casas no Inverno.
Percorrendo eu essa gelado floresta, ando em busca, procurando a eterna luz que me falta na vida e que deixo de iluminar os meus dias, dias que cada vez parecem mais escuros. E depois de algum tempo tenho que parar, pois alem do resto, ainda mais um problema para acrescentar aos diversos que já tenho. Estou perdido. Simplesmente não vejo o caminho. Parado nesta bruma, já a entrar em pânico, surge um pensamento lá bem do fundo do coração. Eu estou a procurar a luz no sítio errado. Ela não esta oculta numa floresta escura onde qualquer um se pode perder. Mas sim, num local ainda mas escondido, e mais difícil de encontrar, onde apenas uma pessoa se pode perder. A luz esta enterrada nas profundezas da minha alma.
É com este pensamento definido que eu chego a conclusão que Tu és a minha luz, e com os teus gestos Tu demonstras que te preocupas comigo, e que os amigos verdadeiros são as estrelas do nosso céu sempre lá para nos guiar, e que a escuridão é uma coisa do nosso fabrico, apenas presente na nossa alma, que nos impede de ver as estrelas apenas porque nos queremos. Contigo no meu pensamento encontro o caminho para fora da floresta escura, de volta ao campo, onde a lua continua a brilha, eternamente ignorante da escuridão pela qual acabei de atravessar.

Castigo Supremo

AVISO: Antes de mais quero deixar claro que isto não se trata de uma critica a ninguém, e de um pedido de desculpas muito menos. Tratas apenas de um sentimento que tem vindo a crescer dentro de mim, e que já não tinha espaço disponível, por isso meti-o cá para fora em forma de texto. É claro que, como a maior parte dos textos estão baseados nos sentimentos dos escritores, este também esta.
Castigo...
Eu estou a ser castigado por algo que eu não fiz. Injustiça! Que mal fiz eu ao mundo para ser tratado desta forma. Alguém que me explique por favor.
Eu gosto muito daquela rapariga, e de um momento para o outro tudo muda. Tudo! A amizade que ela tanto prezava, a amizade que ela tanto medo tinha de perder, é deitada fora como se de um trapo velho se trata! Por que?
Porque alguém que tinha raiva daquilo que existia entre nos, agarro e foi inventar algo só para chatear!
Eu passei noites de tormenta a chorar porque aquela menina sofria, noites das quais pelos vistos só a minha almofada tem noção daquilo que eu passei, como uma testemunha silenciosa da dor que passava pelo meu coração. E qual é o meu pagamento? "Não me chateais mais". Pura e simples esta frase, mas que tive uma força e um impacto sobre mim como um terramoto de 10 na escala de richter que abala o meu mundo, começando os seus estragos a partir do coração e que lentamente deixa que sejam visíveis no exterior, deitando por terra todos os sonhos que alguma vez tive. Ainda por cima a puta da frase não é escrita pela mão dela. Nem para isso teve a coragem necessária. E porque mandou ela que fosse outra pessoa a escrever isso? Não sei, talvez não tinha força suficiente para espetar ela a faca no meu coração. Pelo menos assim pode ter a consciência tranquila sobre aquilo que foi feito, pois na realidade não foi ela quem o fez.
Que se passou para ela ficar assim comigo? Não sei. Eu não tenho direito a uma explicação. Talvez alguém que foi contar alguma coisa, provavelmente inventada, só para lixar. Se for esse o caso, então essa pessoa que seja feliz para sempre, e que viva muitos anos.
Ou então talvez ela ficou assim comigo por achar que as minhas atitudes de felicidade que eu demonstrava em frente aos outros não correspondiam aquilo que eu dizia sofrer na sua ausência. Isso na realidade seria uma boa razão, eu com os outros mostro sempre ser mais forte do que aquilo que sou, são poucas as pessoas que conhecem a fragilidade que se esconde debaixo de este ar de feliz. Mas não deixa de existir. E quando eu achava que tinha encontrado alguém com quem podia ser sincero sem ser criticado, afinal talvez foi essa sinceridade que matou a amizade. Pensando ela que possivelmente eu andava a abusar do seu bom coração.
O certo é que eu ainda não sei o que se passa, mas acho que também já não quero saber, eu ate posso dizer que esqueci aquela rapariga de quem eu tanto gostava, e da amizade que tinha. E por um lado isso até é verdade, ou pelo menos eu faço um esforço enorme para acreditar que isso e verdade, e para não pensar tanto nela. E partindo do princípio que consigo esquecer, já mais vou conseguir apagar as marcas que ela aqui deixou.